O Homem, o SER sob a forma humana, Energia Individualizada em busca de evolução, vive e reconhece diferentes qualidades de sensações, emoções e sentimentos. A cada experiência vivida, reage de forma diferenciada, variada e absolutamente singular.
A experienciação - o sentir e conhecer através da experiência vivida - resulta da movimentação seqüenciada de impulsos emanados dos Centros de Força ou Chakras. Esses impulsos, específicos e de natureza vibratória, nascidos dos desejos e necessidades do SER, são acolhidos e ressonados pelas estruturas corporais compatíveis com aquela vibração. Ganham concretude e forma e transitam por segmentos corporais afins, estabelecendo relações diretas entre eles. As estruturas e os segmentos traduzem os impulsos e estimulam as reações biológicas e físicas, a percepção e a ação que permitem a satisfação daquilo que foi desejado.
Cada indivíduo identifica e utiliza os impulsos vibrados pelo seu Interno, de acordo com os estágios de presença, percepção, interpretação e liberdade expressiva que já tenha alcançado. Ao viver e expressar adequadamente o que foi sentido, o indivíduo evolui e transmuta cada impulso. Através da ação, retorna o movimento ao Cosmos, realimenta o SER, auxilia a todos que comungam daquela experiência, aprimora-se naquela função e contribui para a expansão do Universo pessoal e coletivo.
Para a conquista da saúde, é necessária a expressão original e espontânea dos impulsos emanados pelo SER. A saúde, um estado dinâmico de equilíbrio, decorre da livre expressão dos impulsos, do uso dos dons e dos talentos peculiares, da contínua criação e recriação de novas possibilidades de crescimento e evolução. A saúde resulta da experiência do sentimento de integridade e de presença lúcida em cada momento, do exercício pleno dos propósitos e desígnios da própria Essência.
A sensibilidade, uma condição inata de percepção, é o elo entre o Ser Humano e sua origem espiritual. Preservar a sensibilidade, experienciar e ampliar o uso desta capacidade que conduz à verdade humana em todos os planos da existência, é essencial para a manutenção do estado de saúde.
Cada etapa de evolução objetiva o desenvolvimento de qualidades e potencialidades específicas. Para estimular o próprio desenvolvimento, o SER pode escolher pela presença de disfunções, de limites à sua saúde. Estes limites não restringem as possibilidades de exercício e desenvolvimento da sensibilidade. Pelo contrário, incentivam a qualificação e o aprimoramento de habilidades até ali pouco utilizadas ou não manifestas. O que reprime, desestimula e congela a sensibilidade é a aceitação dos limites impostos à expressão espontânea e das regras justificadas pelas influências históricas, hereditárias, ambientais ou da educação que, desde a concepção, impõe obstáculos ao indivíduo.
As sensações, emoções e sentimentos - expressões da sensibilidade - constituem a chama que alimenta o indivíduo e a Humanidade, que desperta a singularidade e significância de cada vivência. São os sinais que orientam e favorecem a conquista da paz, da adequação, da alegria, do prazer... da saúde.
No esforço pela manutenção da saúde, é habitual que se busque o equilíbrio na adaptação às necessidades e exigências do mundo externo. Este movimento leva ao esquecimento de que o verdadeiro equilíbrio emana do Interno. Faz com que o indivíduo se adapte à "estabilidade" que adquire quando, aceitando a condução externa, conquista a aprovação dos seus atos. Estimula a adoção de regras de convivência e de boas maneiras que garantam, ainda que aparentemente, segurança, aceitação e "amor". Por cultivar comportamentos que satisfazem mais aos outros do que a si mesmo, o indivíduo se impõe a inibição de vontades, restringe a sua expressão e criatividade e se utiliza, predominantemente, do intelecto e da racionalidade - funções do Corpo Mental.
Neste processo, o desejo, o sentir e o pensar passam a ser traduzidos e utilizados de forma diferente pelo mundo interno (a Pessoa) e pela interface do SER com o mundo externo (a Personalidade). Esta diferenciação gera distanciamento entre o que se deseja e o que realiza e este distanciamento se expressa como enfermidade.
A enfermidade, a perda do estado de saúde, surge do conflito entre a Pessoa, que busca a expressão plena dos impulsos, e a forma de expressão alcançada ou permitida pela Personalidade. A Pessoa objetiva a continuidade do ser, a evolução contínua, o "vir a ser" como forma de aprimorar e fortalecer a identidade. A Personalidade, na busca da "estabilidade", teme a evolução, teme perder a aparente aceitação e opta pela inércia, escolhe "não ser", cristaliza-se numa individualidade já conhecida e segura.
Ao aceitar o predomínio da postura da Personalidade, o indivíduo estabelece a desconexão de si mesmo, desobedece ao desejo espiritual de "ser", nega o impulso de evoluir a partir do contínuo "vir a ser".
Desta forma, pela dependência da validação externa e por resistir à aceitação dos próprios desejos e necessidades, o indivíduo mantém os Corpos Mental e Emocional em desarmonia. O Corpo Físico, plasmado diretamente pelo movimento da energia, reage discreta e evolutivamente ao desequilíbrio dos planos sutis.
O Corpo Físico, constantemente em mutação, é produto da materialização dos impulsos que constituem e se movimentam nos Corpos Sutis. Esses corpos vibracionais respondem aos anseios do SER e estimulam vivências que pretendem evoluir a história pessoal além dos níveis já estruturados, reconhecidos pela racionalidade ou aceitos pela Personalidade.
A função básica do Corpo Físico é ser o instrumento de manifestação e concretização dos desejos e das vibrações sutis. É também o instrumento que favorece a criação e possibilita o experimento, o aprendizado e a qualificação das capacidades e potencialidades que o SER escolheu desenvolver. É nele que se registra a insatisfação, quando não há a expressão adequada de um impulso já em movimento.
A insatisfação surge quando um impulso primário, reconhecido e nominado, é negligenciado pela Personalidade. A desarmonia, a distorção do Fluxo de Energia, se instala a partir das repetidas tentativas de expressão do impulso não satisfeito ou da emissão de impulsos idênticos, num esforço de conquista da aceitação e validação de uma necessidade vital, do desejo de expressão livre de um sentimento. Esta condição causa turbulência nos Corpos Sutis, induzindo a materialização e sedimentação do impulso no Corpo Físico, sob a forma de tensão.
Como o propósito do interno é viver a experimentação, quando o impulso ou o desejo original não é satisfeito, são mobilizados novos impulsos que ativam outras áreas corporais, funções ou estados mentais que traduzam as mesmas necessidades de maneira mais aceita pela Personalidade. Da repetição deste mecanismo, resulta a estruturação e adoção dos jogos de comportamento, a construção de posturas que tornam o indivíduo distanciado de si, mas adaptado ao meio.
O distanciamento entre Pessoa e Personalidade, o automatismo das reações, a rigidez na experienciação e o impedimento à expansão da energia emanada do Interno serão manifestos como enfermidade. O adoecimento se fará, então, superficial ou profundo, agudo ou crônico, incapacitante ou não, leve ou grave, neste ou naquele órgão ou estrutura, de acordo com o tipo ou grau do desequilíbrio e do processo vivido pelo indivíduo.
Os distúrbios são sempre uma forma de purificação dos desequilíbrios, uma tentativa sadia de reencontrar o caminho, a saúde dos pensamentos, sentimentos e ações. Por mais grave e limitante que pareça ser, a doença objetiva movimento, continuidade e crescimento, jamais a estagnação, a passividade e a acomodação.
As manifestações do adoecimento são múltiplas e, ainda que os sinais percebidos tragam significado similar, a infinitude de variáveis evidencia a singularidade dos processos e mostra a necessidade, para que haja compreensão daquela manifestação, de que se estabeleça contato com a experiência de vida do indivíduo e seu universo.
Embora o adoecimento se inicie e seja precocemente sentido, vivido, nos planos sutis, o habitual é que só se valorize os sintomas quando as alterações se instalam já como um quadro clínico, quando já evolui lesão celular.
Quando a doença se caracteriza no Corpo Físico, o indivíduo já experiencia o último estágio do processo do adoecer, já vive o início do movimento de purificação, de reorganização comportamental consciente para o reencontro com a saúde.
O processo do adoecer pode ser acompanhado observando-se as peculiaridades sutis de suas manifestações, as alterações comportamentais, os níveis de susceptibilidade do indivíduo, o desenvolvimento inadequado das funções corporais ou mentais e as variações na forma estética e funcional do Corpo Físico.
Toda doença traz a síntese da biografia do indivíduo. É um sinal de que, no desenvolvimento da trajetória pessoal, aconteceram distorções que afastaram o indivíduo de seus propósitos originais e que os comportamentos e posturas adotados necessitam ser conscientizados e reavaliados, para que se reconquiste a adequada fluidez da expressão.
O indivíduo compreende e aproveita o adoecer quando localiza, dentro de si, as informações que favorecem a conscientização e o entendimento daquela situação, quando aprimora a percepção de si mesmo e revive a seqüência de fatos, situações e sinais que a doença lhe traz.
A consciência do fio que seqüencia e torna coerente a existência faz com que ele ultrapasse os limites da noção de espaço e estado físico, se projete na concepção de tempo e continuidade, de valor e significado e perceba sua interferência nos planos sutis e a atuação destes planos Espirituais na organização de seu cotidiano.
O SER é atemporal. Isto permite que o presente seja vivido tanto no passado quanto no futuro e sintetize a experiência do passado e do futuro em cada momento.
A aceitação da atemporalidade - o entendimento de que o processo de evolução envolve experiências anteriores, atuais e futuras - favorece a percepção de que a busca da saúde deve se desenvolver no respeito e aproveitamento da capacidade de compreensão e síntese do Corpo Mental.
A predeterminação de valores inibe os movimentos de procura e identificação de mecanismos próprios de expressão e de manifestação do interno, de determinação do que é qualidade de vida para aquele indivíduo. A preconceituação retarda a evolução e limita o entendimento das experiências vividas, determinando a necessidade de surgimento, recidiva e evolução de sintomas, como um alerta para o distanciamento entre o que vem sendo internamente desenvolvido e reformulado e a forma como é assimilado e exercido pela Personalidade.
Cada indivíduo tem um tempo próprio e essencial de evolução. As manifestações corporais se instalam porque nem sempre é possível aguardar o tempo que a racionalidade exige para a elaboração dos processos internos. Se necessário, são mantidas para que o indivíduo possa reconhecer, no dia a dia, suas falhas comportamentais e estruturais.
O processo de evolução só acontece quando há a criação e elaboração de mecanismos que, se aceitos pela Personalidade, favorecem a revisão e reformulação consciente dos comportamentos cotidianos. Para que ocorra a evolução, é necessário a percepção, no concreto, de cada um dos sintomas e dos movimentos que inibem o exercício da identidade e da individualidade.
A saúde e a patologia se constróem no cotidiano. A forma de construção da patologia demonstra o nível de consciência já alcançado pelo indivíduo e sinaliza os patamares que podem ser atingidos através daquele adoecimento. É fundamental que o indivíduo compreenda cada um dos fatores que dirigem sua vida atual como reflexo de vidas e experiências passadas e procure evoluí-los segundo o sentir do "aqui e agora".
Os olhos necessitam ver, a mente necessita entender... é básico que se desenvolva o sentir para que cada Pessoa evolua dentro da possibilidade de sua Personalidade e de sua Alma!
Sentir e compreender é caminho de conscientização e de cura. A evolução do SER se faz através do contexto vivencial, da estrutura comportamental e da Personalidade, instrumento que possibilita sua expressão. Tornar nítido e preciso o sentimento do aqui e agora é estimular o reconhecimento, no concreto, das experiências, dúvidas e restrições que, embora dificultem o processo evolutivo e dêem origem ao adoecimento, levam o indivíduo ao desejo de cura.
Perceber-se no exercício de construção do cotidiano, observar os efeitos da própria atuação, entender que cada ação espelha a tradução do que se acredita ser, identificar os limites e o controle impostos aos sonhos, fantasias e idealizações, evidencia as qualidades, as capacidades e os erros, permite o auto conhecimento, estimula o estado de presença e favorece a conquista da liberdade de ser no cotidiano individual e no partilhar coletivo.
Não há cura sem consciência e a consciência deriva do conhecimento do momento presente!
O SER necessita que a Personalidade participe com segurança do dia a dia e que use de todos os seus mecanismos de expressão para que a evolução aconteça. Os processos evolutivos se fazem no simples, no bucólico, no que está dentro do homem, nos movimentos comuns à experiência diária. O movimento é sempre de expansão e a consciência se amplia a cada momento vivido.
O reaprendizado e o exercício do conhecimento e do convívio com o corpo, a leitura e entendimento de suas manifestações, é instrumento para a prevenção e evolução da saúde nos planos físico e sutis. Cada sinal, sintoma, doença ou conformação física traz sua significância e permite a identificação do desequilíbrio, apontando o caminho para o reequilíbrio, clareza, compreensão e assimilação do processo vivido.
O retorno ao estado de saúde, a essência da cura e do crescimento, é a redescoberta do interno, a expressão plena das emanações do SER, a harmonia e integração entre o que a Pessoa sente e necessita e a ampliação contínua e aprimorada dos instrumentos com que se expressa a Personalidade.
Elaboração: Nereida Fontes Vilela e equipe
Fonte: SEJA! Leitura Corporal em Revista - Edição nº 1 – Fevereiro / 2000